segunda-feira, 28 de março de 2016

Por Maria - Blog Pétalas da Liberdade

"O tempo é como o vento. Não apenas leva, mas também traz" (página 69)

A história é narrada em terceira pessoa e ocorre num passado distante, tendo como cenário principal o reino de Heilland, que era cercado por quatro outros reinos. A rainha Arápia teve dois filhos gêmeos, dois meninos que eram muito diferentes um do outro: o sombrio Sulco e o simpático Heian. Sulco nasceu primeiro, e deveria ser o próximo rei, mas após uma visita a uma loja de artefatos mágicos, e levando em conta a opinião de sua esposa, o rei Alphonsus decidiu que Heian seria uma escolha melhor para governar o reino, mas ele não imaginava o que essa decisão acarretaria para a sua vida, a de sua esposa e de toda Heilland!

"O segredo da caveira de cristal" foi uma grata surpresa para mim, confesso que minhas expectativas sobre ele eram pequenas, quando comecei a leitura eu esperava um livro de fantasia leve e infanto-juvenil, e ele até parecia isso nos primeiros capítulos, uma história sobre dois irmãos que disputam o trono, mas aí os capítulos foram passando e eu fui me surpreendendo com o crescimento da história, e tenho que dizer uma coisa para vocês: leiam!

No começo, os gêmeos são adolescentes ainda, e nessa tal loja de artefatos mágicos que mencionei, eles conhecem Mongho, o filho do dono. Heian acaba se tornando amigo dele, e a dimensão que essa amizade toma é enorme. Parece que a história vai ficando mais forte conforme os jovens vão crescendo. E mesmo tendo partes inimaginavelmente tensas, eu gostei de a autora ter colocado cenas mais leves, onde era possível ainda ver o bom humor de Heian e a juventude de Mongho, a relação dos dois parecia a que eu tenho com meus amigos e com as pessoas próximas de mim, havia frases e tiradas bem humoradas para descontrair.

"Era certo que Mongho teria que pagar poe essa ajuda extra, mas ele não se importou. Quatro moedas de ouro a menos nos cofres de Heilland não fariam diferença, e um homem morto não precisa de ouro, pensou, depositando as moedas na mão de Jamil, o guia do grupo, que ria de um canto da orelha a outro." (página 255)

Foi uma leitura que realizei rapidamente (como tinha uma montanha de outras coisas para fazer, levei três dias), a escrita da autora é ótima e fluida, acho que ela se equipara a grandes autores do gênero que já li, a ambientação é boa e os personagens merecem destaque especial. Cheguei a ter pena de Sulco no início, mas depois vi o quanto ele poderia ser cruel. Heian me surpreendeu, ao mostrar o grande potencial que tinha para governar, além de ser um homem bom. Mais surpreendente ainda foi a rainha Driadh, esposa de Heian, a força que aquela mulher teve para colocar a sua responsabilidade perante seu povo acima da paixão pelo marido, foi algo que eu nunca vi antes. E o que foi aquele final do casal? Gente! Vocês não tem noção do que aconteceu!!! E o Mongho, para quem no início torci o nariz por causa do nome estranho, achei que seria só um personagem secundário, mas que foi se revelando e pode ser considerado o protagonista da trama. Tenho que citar também a Nadjra, cujo papel na história não vou revelar, mas que é a grande prova de que a autora consegui dar vida e identidade sólida a seus personagens.

Tenho que agradecer a autora, pois ela poderia ter enrolado em alguns pontos (como nas viagens de Mongho), ter enchido linguiça em algumas partes e feito a história ficar maior ou até mesmo com mais volumes, mas preferiu deixar a trama ágil, sem correr mas sem diminuir o ritmo, mostrando que realmente tinha domínio da trama e talento, obrigada Mallerey!

O mais interessante de tudo, foi ver os personagens tentando evitar uma espécie de profecia, mas fazendo com suas ações justamente o oposto, correndo de encontro ao que mais temiam. Cada decisão deles levava exatamente para onde eles não queriam ir, e nem eu queria que eles fossem. Os dois capítulos finais são arrebatadores, e me deixaram ansiosíssima para o próximo livro, que pelas pistas do volume um e se manter o ritmo do primeiro, certamente será indescritivelmente bom!






Sobre a parte visual, devo lembrar que a Mundo Uno é uma editora nova e pequena, mas o trabalho que ela fez ficou no mesmo nível das maiores editoras do país, muito bom! A capa é bem bonita, condizente com a história, de um material bom e fosco. As páginas são amareladas, lisas, e de uma boa grossura. Em cada início de capítulo, a numeração dele está com uma fonte diferente, além da ilustração do brasão de Heilland. A diagramação está ótima, com margens, letras e espaçamento de bom tamanho. Há alguns erros de revisão, mas que não comprometeram a leitura. Há algumas ilustrações em determinada página, e quero ressaltar um diferencial: muitos livros trazem uma página com um mapa do lugar onde a história se passa, em "O segredo da caveira de cristal" o mapa está na contracapa!

Enfim, "O segredo da caveira de cristal" é um livro que eu gostei e que recomendo, tanto para quem gosta de fantasia quanto para quem não é muito fã do gênero, pois todo mundo precisa ser surpreendido por uma história dessas, que ganhou cinco estrelas em minha avaliação no Skoob pelo crescimento que ela apresentou e por ter me transportado para o universo de Heilland. Leiam!





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